domingo, 25 de agosto de 2013

EPILEPSIA 2

“Mas o que ninguém sabia sobre Custódio Mesquita é que, além de sua fraqueza, ele era epiléptico. É o grande mistério da vida dele...
A irmã de Custódio, dona Camila, ante a exigência de Custodinho resolveu falar: “Ele de fato era epiléptico. Teve muitas crises, mas nunca na rua. Quando isso ocorria era em casa..."
...o médico havia recomendado meio comprimido de Luminal antes de deitar.
Completamente destrambelhado dos nervos, como andava nos últimos tempos, Custódio estava ingerindo um tubo por dia...
À época, para quem era tão vaidoso, confessar-se epiléptico seria uma temeridade, pois temos a impressão de que a maioria do povo ainda atualmente pensa que epilepsia seja contagiosa. Mas há quarenta anos atrás era comuníssimo ouvir-se: “O perigo do epilético é a baba, que pega mesmo...” Hoje em dia, com todos os esclarecimentos, ainda se encontram muitos ignorantes que comungam dos mesmos receios daquele tempo em que Custódio tomava imoderadamente Luminal.”

Bruno Ferreira Gomes, “Custódio Mesquita – prazer em conhecê-lo.”
MEC-FUNARTE, 1986 (págs. 63 e 66).


Talvez esta preocupação com o preconceito tenha abreviado a vida do Custódio, grande compositor dos anos 30 e 40. A música "Saia do Caminho" foi gravada por Aracy de Almeida somente após a morte deste aos 34 anos de idade em 1945. Pena. Mas a obra dele continua aí, pouco esquecida talvez.
Outra referência:
Orlando de Barros, "Custódio Mesquita - Um compositor romântico no tempo de Vargas (1930-45)." MEC-FUNARTE/EdUERJ, 2001