“Mas o que ninguém sabia sobre Custódio Mesquita é que, além
de sua fraqueza, ele era epiléptico. É o grande mistério da vida dele...
A irmã de Custódio, dona Camila, ante a exigência de
Custodinho resolveu falar: “Ele de fato era epiléptico. Teve muitas crises,
mas nunca na rua. Quando isso ocorria era em casa..."
...o médico havia recomendado meio comprimido de Luminal
antes de deitar.
Completamente destrambelhado dos nervos, como andava nos últimos
tempos, Custódio estava ingerindo um tubo por dia...
À época, para quem era tão vaidoso, confessar-se epiléptico
seria uma temeridade, pois temos a impressão de que a maioria do povo ainda
atualmente pensa que epilepsia seja contagiosa. Mas há quarenta anos atrás era
comuníssimo ouvir-se: “O perigo do epilético é a baba, que pega mesmo...” Hoje
em dia, com todos os esclarecimentos, ainda se encontram muitos ignorantes que
comungam dos mesmos receios daquele tempo em que Custódio tomava imoderadamente
Luminal.”
Bruno Ferreira Gomes, “Custódio Mesquita – prazer em
conhecê-lo.”
MEC-FUNARTE, 1986 (págs. 63 e 66).
Talvez esta preocupação com o preconceito tenha abreviado a vida do Custódio, grande compositor dos anos 30 e 40. A música "Saia do Caminho" foi gravada por Aracy de Almeida somente após a morte deste aos 34 anos de idade em 1945. Pena. Mas a obra dele continua aí, pouco esquecida talvez.
Outra referência:
Orlando de Barros, "Custódio Mesquita - Um compositor romântico no tempo de Vargas (1930-45)." MEC-FUNARTE/EdUERJ, 2001
Outra referência:
Orlando de Barros, "Custódio Mesquita - Um compositor romântico no tempo de Vargas (1930-45)." MEC-FUNARTE/EdUERJ, 2001