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É, parece ser redundância, mas é que nestes últimos anos estamos vivenciando uma seca maior do que seria esperada para o bioma da caatinga. Percorri com meu amigo Roberto Orlandi em março mais de 1700km no sertão da Bahia (também de Alagoas e Sergipe), o que vimos é de dar dó.
Onde o xique-xique e a faveleira estão presentes, temos a indicação de que é uma região semi-árida e que sobrevive em condições limites sob secas constantes.
Mesmo assim, estas condições permitem que uma frágil economia baseada na criação de caprinos e bovinos e da pequena agricultura de milho, feijão, mandioca, etc. se mantenha.
Em alguns locais não há chuva há mais de 2 anos.
Pessoas com mais de 70 anos como o seu China da Serra do Cambaio e o Zé Cotia da Vila do Rosário (ambas em Canudos) não se recordam de seca tão sentida como a atual.
Esta ponte acima somente ressurge em períodos de grande seca.
Liga à antiga Canudos (Segunda Canudos) e é a segunda vez desde o enchimento do açude de Cocorobó no rio Vaza-Barris em 1969 que ela não está submersa.
Em março, este açude estava com cerca de 30% da sua capacidade.
Junto à barragem de Cocorobó notamos o nível que seria o normal nos pilares e o nível do início de março.
A barragem no rio Vaza-Barris (que submergiu os principais locais da Guerra de Canudos) é importante no fornecimento de água para projetos de irrigação à jusante da mesma (ver a foto abaixo). Estes projetos ainda estão se mantendo, mas se não chover logo, ficarão prejudicados como todo o semi-árido nordestino.
Às vezes se formam nuvens que parecem ser de chuva como estas acima, mas se dissipam sem chover.
O rio Vaza-Barris, perenizado pela barragem, permite este tipo de paisagem, quase um oásis, abaixo da represa.
Existem milhares de hectares irrigados produzindo banana, coco, mamão, etc.
Estas cenas tristes acima são constantes.
Não sou nenhum expert, mas imagino que nestas ocasiões o poder público teria que estar mais presente.
Assistencialismo, sim, mas não "assistencialismo barato". Emergencial nestas horas e "ensinando a pescar" nas horas menos ruins.
Acho que deveria haver mais assistência rural, ensinando aos sertanejos técnicas de enfrentamento da seca com outras alternativas além daquelas que eles conhecem pela cultura e tradição locais. Cisternas como as que o governo federal (foto abaixo) está instalando são importantes, mas também seria interessante que se ensinassem outras culturas como forrageiras próprias para o semi-árido, árvores frutíferas (pelo menos ao redor das casas para sombra e alimentação), agregação de valores nos seus produtos, etc.
Ao invés das prefeituras patrocinarem festas, forrós, bandas sertanejas e trios elétricos, poderiam patrocinar mais carros-tanque e quem sabe transportar forrageiras alternativas para os criadores de gado.
Em Canudos vimos gado sendo alimentado com troncos de bananeiras que poderiam ser arrecadados e distribuídos pela prefeitura nesta emergência.
Pode não ser o ideal, mas o gado estava comendo e produzindo leite com esta "forrageira" abundante abaixo da represa de Cocorobó.
Com medidas emergenciais agora, seguidas de outras medidas sérias e de assistência rural, poderemos superar esta seca recorde e manter os sertanejos no seu meio para que não venham a engrossar as periferias das grandes cidades em condições que talvez venham a ser muito piores do que a da frágil economia onde subsistem normalmente.
Além disso, a distribuição do títulos de propriedade também ajuda, não importando se por governos de direita ou de esquerda.
Mas pode se ver que a questão fundiária ainda não está solucionada.
Desta maneira, as feiras-livres, tão tradicionais no nordeste como esta de Uauá acima, serão mantidas com o povo se dirigindo da zona rural para comprar e vender o fruto da terra.
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