Foto AG: Parque Estadual de Canudos, BA 11/2012.
Epilepsia
...”Todos os acidentes singulares de sua existência desconexa, viu-se afinal que eram sinais comemorativos enfeixando uma diagnose única e segura...
Realmente, a epilepsia alimenta-se de paixões; avoluma-se no próprio expandir das emoções subitâneas e fortes; mas, quando, ainda larvada, ou traduzindo-se em uma alienação apenas afetiva, solapa surdamente as consciências, parece ter na livre manifestação daquelas um derivativo salvador atenuando os seus efeitos. De sorte que, sem exagero de frase, se pode dizer que há muitas vezes num crime, ou num lance raro de heroísmo, o equivalente mecânico de um ataque. Contido o braço homicida, ou imobilizado, de chofre, o herói no arremesso glorioso, o doente pode surgir, ex abrupto, sucumbindo ao acesso. Daí esses atos inesperados incompreensíveis ou brutais, em que a vítima procura iludir indistintivamente o próprio mal, buscando muitas vezes o crime como um derivativo à loucura”...
Euclides da Cunha n’Os Sertões (pág. 206) descrevendo a doença do Coronel Moreira César o famoso “corta-cabeças” da Revolução Federalista do sul que morreu no terceiro ataque a Canudos em 1897.
Era essa a visão de um leigo, porém culto que deve ter se informado com os médicos e trabalhos científicos do início do século XX.
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